Prefeitura reconhece terreiro no Curuzu como Patrimônio Cultural
de Salvador; templos terão imunidade tributária
O terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, no Curuzu, foi o primeiro a ser tombado com base na Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Salvador. O reconhecimento como patrimônio cultural foi feito em uma cerimônia na tarde desta sexta-feira (15). O sacerdote do templo, o doté Amilton Costa afirmou que o tombamento protege a integridade do espaço.
O prefeito ACM Neto (DEM) também participou da solenidade. Para ele, a cultura e as religiões de matriz africana influenciam e foram fundamentais na formação de cada ser de Salvador. Já para o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro, o terreiro, no Curuzu, é “o último pulmão da Liberdade”, em referencia à área verde do espaço.
O terreiro também é chamado de Vodun Zô. Ele é um dos poucos da nação Jeje Savalu no Brasil e único da Bahia. Sua tradição mantém originais os ritos da linhagem, como o dialeto africano ewe-fon, preservado nas expressões, cânticos, rezas e no cotidiano dos ritos. Segundo o doté Amilton, a etnia é mais rigorosa. Sua iniciação e trabalhos são mais prolongados.
O pedido de preservação do terreiro partiu da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA). Entre os critérios usados para o tombamento estão questões como especulação imobiliária, dificuldade de manutenção das instalações e invasão de terreno. A área verde do terreiro, de aproximadamente 2.408 metros quadrados, é a única remanescente do Curuzu.
Imunidade tributária - Com o tombamento, o templo não precisará pagar impostos, por ser reconhecido como entidade religiosa. Na próxima quinta-feira (21), a prefeitura deve oficializar o tombamento de 300 terreiros, que passarão a ter imunidade tributária e perdão de dívidas do passado.