TOMBAMENTO
O som dos tambores sagrados do culto Vodun, foi escutado na ladeira do Curuzu no final da tarde da sexta-feira, dia 15 de janeiro de 2016, anunciando que o Terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Xwe estava em festa e, naquele momento, se tornava o primeiro espaço sagrado tombado pelo município de Salvador.
Durante a solenidade, o sumo sacerdote da casa, Doté Amilton de Sogbó ressaltou a emoção de ver um sonho antigo concretizado, ajudando a preservar a área verde e a cultura daquela casa, uma das poucas da nação Jeje Savalu, que preserva os ritos originais e os dialetos falados pelos povos Ewe-Fòn (que foram trazidos como cativos no século 19), nas expressões e cânticos da comunidade. Esses povos se instalaram em Salvador e regiões do Recôncavo baiano, com destaque para Cachoeira e vizinhança, além do Maranhão.
A cerimônia de tombamento contou com as presenças do prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto, do presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro; do vereador Léo Prates; o presidente da Associação Afro Ameríndia (AFA) Leonel Monteiro, além de outras autoridades do executivo municipal, além dos professores Ordep Serra (que coordenou os trabalhos de redação do Laudo Antropológico que deu suporte ao pedido de Tombamento), Jaime Sodré, Arany Santana, Júlio Braga e outros.
Representantes de diversas casas das mais variadas nações religiosas estiveram presentes para prestigiarem o primeiro passo dado em direção a oficialização por parte do município do respeito e a valorização das heranças culturais e religiosas dos antepassados africanos. “O rio – nasça onde nascer – vai para o mar, assim como o rio, todos temos uma destinação e somos criaturas de um mesmo criador”, pontuou o sumo sacerdote, ressaltando a importância da tolerância e da união entre as casas de Candomblé.
Na oportunidade, Leonel Monteiro, solicitou ao em nome do Doté Amilton que o prefeito dedicasse uma atenção especial para a um outro projeto acalentado pelo Vodun Zo e que consiste na construção de uma creche-escola para a comunidade local. “Há 30 anos conseguimos livrar muitos dos nossos do tráfico e da marginalidade. Uma creche nessa área reforçaria esse trabalho”, completou Doté Amilton. O Prefeito, por sua vez, se comprometeu em avaliar com o máximo de brevidade a possibilidade de instalação do equipamento na área do Terreiro. Longa vida ao Vodun Zo e às tradições ancestrais.
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